São Paulo – Para produzir a voz, as pregas vocais existentes na laringe humana vibram entre 100 e 400 vezes por segundo. O fenômeno, impossível de ser observado a olho nu, pode ser visto em câmera lenta graças a um aparelho de videolaringoscopia capaz de capturar até 4 mil imagens por segundo.
A tecnologia tem permitido a pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) entender melhor o funcionamento das pregas vocais e estudar patologias que prejudicam sua vibração. Também se tornou possível avaliar, com critérios objetivos, o impacto de cirurgias e tratamentos na produção da voz.
Pioneiro no país, o equipamento foi adquirido com recursos de um projeto financiado pela Fapesp. Por meio de parceria com uma equipe de otorrinolaringologistas da Faculdade de Medicina coordenada pelo professor Domingos Hiroshi Tsuji, da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial, a máquina foi doada ao Hospital das Clínicas (HC) de São Paulo, onde estão sendo feitos os exames que já resultaram em duas dissertações de mestrado – além de cinco doutorados e um pós-doutorado em andamento.
“A ideia é tentar identificar padrões. O médico olharia o gráfico e já saberia se a alteração é causada por um cisto ou por um nódulo, por exemplo”, contou a otorrinolaringologista Adriana Hachiya, membra da diretoria da Academia Brasileira de Laringologia e Voz (ABLV) e responsável pelo Ambulatório de Pesquisas em Voz, onde os exames com o videolaringoscópio de alta velocidade são realizados.
Hachiya também participa de um projeto em parceria com a FMUSP para estudar a vibração cordal de pacientes com mais de 65 anos. “A prega vocal é formada por músculo e mucosa. Com a idade, o tônus muscular diminui. Por isso a voz do idoso é mais fraca e trêmula. Vamos aplicar exercícios e avaliar a melhora”, explicou.
Fonte: Revista Exame