Moda do narguilé resiste, atrai jovens e preocupa médicos
Jovens e até crianças têm sido vistos em locais públicos de Maringá usando um apetrecho perigoso: o narguilé. Como em Maringá o uso é proibido por lei apenas em bares, lanchonetes e casas noturnas, não há o que os impeça de usar em praças e esquinas.
O problema, como alerta o médico otorrino Angelo Panerari, é que os produtos consumidos nesses cachimbos provocam problemas de saúde, que são potencializados quanto menor for a idade do consumidor. “Depende do produto utilizado, mas eles causam diretamente dois problemas: um térmico e um químico, com enormes danos”, explica.
Conhecido como “hookah” nos países de língua inglesa, ou por “shisha” na África, o narguilé se popularizou no Brasil, principalmente entre jovens, a partir de uma novela de televisão que mostrava costumes árabes. O que parecia ser uma moda inocente, pode se tornar um sério problema de saúde pública para o País.
A Academia Brasileira de Laringologia e Voz (ABLV) recomenda um veto ao uso do aparato em todo o território nacional. Conforme o ex-presidente da instituição, Jeferson Sampaio D’Ávila, não há níveis seguros para o consumo de tais substâncias, uma vez que envolve fumo, álcool e outras drogas mais potentes, à disposição de crianças. “O que agora é difundido como moda, mais tarde pode causar doenças típicas do consumo excessivo e contínuo de tais agentes. Problemas nas cordas vocais, como a rouquidão, tumores, e até mesmo o câncer de laringe, podem futuramente acometer os usuários”, adverte o médico.
Especialistas em doenças respiratórias estimam que 50 tragadas são suficientes para viciar. Estudo realizado pela UNB (Universidade de Brasília) mostra que 80 minutos de narguilé equivalem a 100 cigarros.
Uma pesquisa, realizada pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca), com 3.189 universitários e divulgada em agosto, mostrou que a “moda” já é a segunda (depois do cigarro) forma mais frequente de consumo do tabaco entre esses jovens. “Apesar de haver poucos estudos que avaliem os riscos específicos do cachimbo d’água, sabe-se que não existe segurança em consumir nenhum tipo de tabaco em nenhuma quantidade”, diz Jefferson Gross, cirurgião torácico e diretor do Instituto.
Consequências
Para o médico Angelo Panerari, não há como prever as consequências em longo prazo do consumo continuado do cachimbo. “A curto e médio prazo pode provocar problemas na voz e na garganta, por causa do aumento do calor na área. A longo prazo, os efeitos dos produtos químicos são devastadores. Podem provocar inclusive câncer de garganta”, avisa.
Uma nocividade que não preocupa o menor AC, de 15 anos, que mora noJardim Novo Horizonte e, diariamente, junto com três ou quatro amigos, fazem sessões de narguilé. “Não dá nada não, é gostoso, a gente fica conversando e fumando”. “Não acredito no que falam por aí. Narguilé não faz mal”, completa outro garoto, aparentando ainda menos idade. Eles garantem que os pais sabem que eles usam o cachimbo e não se importam. “Às vezes a gente fica até a meia-noite aqui. O pai acha melhor a gente ficar aqui papeando, onde ele sabe o que está fazendo, que andando por ai.”
Fonte:O Diário.com