Caros colegas médicos otorrinolaringologistas e cirurgiões de cabeça e pescoço:
Caro(a) Presidente de Sociedade Estadual ou Regional de ORL ou CCP (SER):
Toda atividade, em especial a de assistência médica, exige perfeita consciência e adoção de alguns conceitos, como Atribuição e Competência, Omissão e Risco de fazer, Inércia e Movimento. Para tanto, pedimos sua máxima atenção e divulgação das orientações preventivas aqui detalhadas.
Atribuição & Competência
Somos médicos, temos a atribuição de cuidar da saúde integral do ser humano, e sabemos que representa uma grande tarefa abranger tal complexidade. Não se espera que um médico ORL tenha competência para cirurgia ortopédica, embora pudesse ser, em tese, sua atribuição. Assim, nos aperfeiçoamos e especializamos para obtemos maiores competências. Podemos aprender a tratar de uma cárie, desenvolver esta competência específica, mas não possuindo a atribuição (por não ser formado em Odontologia), tratar dentes nos seria vetado, e ilegal portanto, a não ser numa situação especial de grande sofrimento e ameaça à vida, e/ou na falta de um profissional qualificado.
Pois nós especialistas em ORL e/ou CCP somos os médicos que possuem atribuição e maior competência para abordar as questões de garganta expressas na Campanha, quais sejam, dor, disfagia, pigarro e disfonia. E se de fato assumimos tais prerrogativas, temos que de alguma forma nos organizarmos para sair de um polo passivo, em que clamamos por melhores condições de trabalho, e em geral não somos atendidos, para uma situação bem mais favorável, embora, claro, nunca venha a ser totalmente resolvida. O lema deste esforço conjunto por mudança seria algo como: “Campanha da Voz: em busca de um melhor prognóstico, para os pacientes e para a prática da especialidade”. E implantando esta atitude não restaria espaço ou j ustificativa para que pessoas sem a devida atribuição e/ou competência intervenham nesse campo. Link para pdf– Em suma, a Sociedade (população) espera que nós assumamos integralmente nosso papel, defendendo (prevenindo) e cuidando (tratando) de sua saúde em tudo que se refira a ouvidos, nariz, garganta, face e pescoço. Então, assim seja, e assim sejamos!
Omissão x Risco (de fazer algo), Inércia x Movimento
A rigor, se ouvirmos um advogado caricatural obsessivamente cuidadoso, ele nos diria para não andar de bicicleta, moto ou asa delta; não entrar em piscina ou mar (mergulhar nem pensar!), não viajar de avião (nunca o casal junto!) e claro, não prescrever nem op erar ouvidos, nariz, garganta ou pescoço. Talvez também nos dissesse para não nos expormos naquele hospital sem condições ideais – aquela utopia que a imensa maioria de nós jamais viverá; não engravidar nem ter filhos, não isso não aquilo, afinal, tudo pela segurança. Sem risco e sem graça, num marasmo quase suicida.
Ora, nossa atividade diária é cercada de riscos aos quais fomos atraídos ou treinados, estamos “acostumados” ou talvez até adictos, numa zona de total e permanente desconforto. Quem não gosta ou cansou, diz-se que “peça logo pra sair”… Cada dia uma novidade, e se assim não for, tornar-se-ia insuportável – curioso, mas bem real. Quem não tem problemas, logo descobre que tem um sério problema… Pois uma Campanha como esta c aminha exatamente neste sentido: uma ousada quebra na rotina, uma decisão de não aceitar que as coisas continuem como estão, significa uma decisão de se agregar a um esforço concentrado e coletivo contra ou a favor de questões que estão nitidamente acima de qualquer intenção ou capacidade individual de resolvê-las.
Podemos citar aqui outras situações em que podemos e devemos atuar e talvez (?) não estejamos falando alto o suficiente, embora, repita-se, é o que nos cabe e esperam de nós: 1. Tabaco e álcool e seus efeitos para gerar câncer de boca e garganta; 2. Poluição ambiental (social e laboral) e rinites e sinusites; 3. Palitinhos de plástico com pontas algodoadas para limpeza de ouvidos – contraindicados, prejudiciais e nefastos, e poluem o ambiente com milhões (ou bilhões?) de unidades; 4. Exposição sonora musical absurdamente intensa de jovens, individual e/ou em festas e espetáculos, arriscando causar lesões irreversíveis; 5. Estruturas e ambientes inadequados para uso profissional da voz. Daí propormos uma atualização do Consenso Nacional sobre Voz Profissional (2004) (link para PDF), como exemplo de como e porque buscarmos juntos influenciar mais na Saúde Pública brasileira.
Acrescente-se que ao acionarmos uma Campanha deste porte, devemos ter consciência de que “não tem volta”. Ao sairmos da Inércia, o Movimento é irreversível. O avião está bem preparado (ou quase), já corre na pista e vai decolar. Esperamos que com todos a bordo, cada um ligado em sua tarefa, células vitais de um todo harmônico. Significa um risco calculado, um esticar da corda, mais uma saída coletiva da zona de conforto. E daí? Já não fazemos isso todo dia, sozinhos? Agora, assim juntos, estaremos mais facilmente do que nunca fazendo a nossa parte, e de fato fazendo diferença! Ou, se não, tudo seguirá exatamente como está… Mas, sinceramente, quem desejaria manter tal Inércia?
Tumultos, protestos e processos
Alguns colegas, tanto de serviços públicos quanto privados, demonstram preocupações em participar da Campanha. Devemos, entretanto, ressaltar que esse temor não se justifica. Na verdade o sucesso da Campanha é proporcional às filas que gere. Quanto mais pessoas forem atraídas por esta iniciativa, melhor. Exatamente como no consultório de cada um dos colegas: se houver uma grande procura, é bom sinal – no caso um excelente sinal.
Filas sinalizam que existe demanda reprimida e provam que precisamos ampliar nossa capacidade de atendimento. Países desenvolvidos, com uma Saúde Pública eficiente, possivelmente não precisem tanto de campanhas, pois sua capacidade instalada e a organização do sistema de referencias e contra-referencias permite que todos sejam vistos, com razoável brevidade. Ainda estamos longe disso, e precisamos educar, informar, encaminhar, acolher e agilizar a abordagem terapêutica. Esta Campanha revela a import&
acirc;ncia do que estamos deixando de fazer, ou melhor, do que não estamos tendo condiç& otilde;es de fazer.
Para evitar eventuais tumultos e protestos, basta sermos claros na apresentação de Campanha como um trabalho beneficente capaz de oferecer a muitos cidadãos uma Avaliação de Triagem, uma colaboração extra e voluntária para desafogar o atendimento dos que tenham sintomas de garganta ou suspeitem estar enfermos. É vital mantermos nos Postos uma atitude preventiva, pró-ativa e comunicativa com a população. Devemos fixar os cartazes de Avisos aos Postos (vejam aqui) disponibilizados para impressão em folhas A4 e empregar as fichas de encaminhamento (clique aqui), a serem impressas (frente e verso) e recortadas, orientand o os pacientes atendidos para onde devam se dirigir para tratamento ou, se excedida a capacidade do Posto, agendando uma data de retorno para avaliação.
Em suma, cremos que se assim agirmos, bem coordenados nos grupos regionais de whatsapp (ORL-CCP), atentos às orientações e comunicando logo eventuais dificuldades teremos uma experiência extremamente positiva em todos os sentidos!
Atenciosamente
Marcio Abrahão Presidente da ABORL-CCF |
Gustavo Korn Presidente da ABLV |
Luis Eduardo B. de Mello Presidente da SBCCP |
Gustavo Korn – cel e wa (11) 99967-9507 Marcos Sarvat – cel e wa (21) 99971-2454
Coordenadores da Campanha Nacional da Voz 2018
Promoção da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-facial (ABORL-CCF), Academia Brasileira de Laringologia e Voz (ABLV) e Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço (SBCCP)
APOIO:
INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER MINISTÉRIO DA SAÚDE |
FUNDAÇÃO OTORRINOLARINGOLOGIA
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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CANTO – ABCanto
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ASSOCIAÇÃO DE CÂNCER DE BOCA E GARGANTA – ACBG BRASIL
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