Iniciativa popular e de participação espontânea que chama a atenção da sociedade brasileira para a adoção de uma cultura permanente de prevenção de acidentes do trabalho e doenças ocupacionais, o Movimento Abril Verde luta para marcar o mês de abril com a cor da segurança no calendário nacional.
A intenção é concentrar anualmente nesse período uma série de atividades (muitas das quais já ocorrem por ocasião do Dia Mundial da Segurança e Saúde no Trabalho, em 28 de abril), dando-lhes mais visibilidade e manifestações de apoio à causa.
Movimentos internacionais como o Maio Amarelo (redução de acidentes de trânsito), Outubro Rosa (prevenção do câncer de mama) e Novembro Azul (prevenção do câncer de próstata), simbolizados por laços nas cores amarela, rosa e azul, respectivamente, já são conhecidos da maioria dos brasileiros. Com uma ampla divulgação em veículos de comunicação e atividades de conscientização em todos os estados, esses movimentos são disseminadores da cultura de prevenção.
No que diz respeito à saúde e segurança do trabalhador, o Movimento Abril Verde trilha um caminho semelhante. Embora seja mais recente e não se tenha conhecimento do projeto em outros países – o que tornaria o Brasil pioneiro na organização desse tipo de evento -, o objetivo é fazer com que a cultura prevencionista no ambiente de trabalho seja propagada e assimilada pelo maior número possível de pessoas.
A iniciativa se soma a outras importantes ações na área de SST que já são realizadas em datas simbólicas (como o 28 de abril, por exemplo). Mas o conceito do Abril Verde, por ter um mês inteiro dedicado à conscientização para a prevenção de acidentes e doenças do trabalho, é o de agrupar as diversas programações e facilitar a identificação pela população. De forma espontânea, cada atividade que integra o movimento reforça um mesmo propósito.
Para o presidente da FENATEST (Federação Nacional dos Técnicos de Segurança do Trabalho), Armando Henrique, um dos maiores problemas que precisam ser enfrentados é a falta da cultura de prevenção. “Somente com uma iniciativa como esta, nós temos certeza de que a prevenção pode, de certa forma, ser incorporada na sociedade. Sem bandeira ideológica, sem corporativismo, simplesmente aproveitando um mês significativo como o mês de abril para sensibilizar”, acredita.
“De baixo para cima”
Uma das características positivas do Abril Verde, apontada por profissionais de SST que apoiam o movimento, é o fato de ter emergido da mobilização popular, “de baixo para cima”. Armando Henrique considera o ato “tão valoroso quanto o próprio engajamento do Estado” e argumenta que exemplos assim têm mais sustentação justamente por se originarem da ação de coletivos organizados. “Apostamos muito nessa possibilidade”, afirma.
De acordo com Adir de Souza, presidente do SINTESPAR (Sindicato dos Técnicos de Segurança do Trabalho no Estado do Paraná), o Abril Verde é um dos raros movimentos idealizados pelos próprios prevencionistas. “Estamos fazendo algo que é nosso. Porém, não é algo só do técnico de segurança, mas também do assistente social, do psicólogo, do fisioterapeuta, do jornalista, etc., diferente daquilo que vem do Estado. É isso que as pessoas precisam valorizar”, opina.
Cabe ressaltar que SRTEs (Superintendências Regionais do Trabalho e Emprego), CERESTs (Centros de Referência em Saúde do Trabalhador), sindicatos, centrais sindicais, federações, associações de classe, parlamentares, escolas técnicas de SST, universidades, auditores fiscais do Trabalho, consultores de SST, empresários, profissionais liberais e imprensa, entre outros, já “abraçam” a causa, observa Nivaldo Barbosa, presidente do SINTEST-PB (Sindicato dos Técnicos de Segurança do Trabalho do Estado da Paraíba).
“É uma conquista que muito nos orgulha e nos traz esperança de dias melhores porque o movimento se amplia em todo o Brasil de forma espontânea. Com sensibilização, informação e cobrança dos poderes públicos, conseguiremos ter uma mudança nesse cenário de tantos acidentes e óbitos que se impõe atualmente no meio ambiente de trabalho”, enfatiza.
Engajamento
Importantes entidades da área de SST e órgãos governamentais manifestaram apoio ao movimento, como o Ministério do Trabalho e Emprego, Ministério da Saúde, Ministério da Previdência Social, SOBES (Sociedade Brasileira de Engenharia de Segurança), ANEST (Associação Nacional de Engenharia de Segurança do Trabalho), ANAMT (Associação Nacional de Medicina do Trabalho) e ANENT (Associação Nacional de Enfermagem do Trabalho), entre outros.
Durante todo o mês de abril, o Movimento Abril Verde promoverá encontros, palestras, seminários, debates, mobilizações sociais, sinalizações com o símbolo do laço verde e iluminação esverdeada de edificações públicas ou privadas em referência à segurança e à saúde do trabalhador. A programação terá repercussão midiática e deverá chamar atenção para a realidade dos acidentes e doenças.
Fonte: Redação Revista Proteção
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