Apesar do nome complicado, o refluxo gastroesofagofaringolaringeano traz formas bastante simples de prevenção e tratamento
O refluxo gastroesofagiano é um problema já bastante conhecido da população em geral. Tem como queixas principais a pirose (algumas vezes chamada de azia), aquela sensação de queimação atrás do esterno e a regurgitação de alimentos. É definido como o retorno do conteúdo gástrico para o esôfago causando sintomas ou complicações. Acontece que o refluxo gastroesofagiano, às vezes, apresenta-se tão somente com o que chamamos de sintomas extraesofágicos, fugindo da clínica clássica e dificultando o diagnóstico aos mais desavisados.
Toda essa introdução vem para frisar um assunto bastante discutido e comuníssimo nos consultórios de otorrinolaringologia e gastroenterologia – o refluxo gastroesofagofaringolaringeano ou laringite de refluxo. De forma simplória, é a chegada do agente refluído à faringe e à laringe e aí ocasionando uma faringolaringite crônica irritativa e seus sintomas, que são muitas vezes inespecíficos.
Os pacientes costumam relatar-nos pigarro e uma necessidade frequente de limpar a garganta, sensação de bolo ou corpo estranho na faringe, ardência ou aspereza na garganta e rouquidão. Menos frequentemente, tosse seca, mudança no timbre da voz, perda da extensão do canto, dor de ouvido, descarga de secreção nasal pela sua parte posterior (rinorreia posterior).
Ao realizarmos a videolaringoscopia, que é um exame rotineiro e ambulatorial, feito com anestésico tópico em forma de spray, observamos achados pouco específicos, embora sugestivos, como inchaço e vermelhidão (edema e hiperemia) das aritenóides (cartilagens situadas na região posterior da laringe em contato com a parte superior do esôfago), inchaço e vermelhidão das pregas vocais, principalmente em seu terço posterior e outras alterações características do trauma de longa data sofrido por elas.
A laringite de refluxo ou o refluxo gastroesofagolaríngeo é um tema bastante controverso, até quando nos referimos à sua existência. Seu diagnóstico é baseado muitas vezes em critérios bastante subjetivos, como os usados à videolaringoscopia e o seu controle, não raro, é difícil. Na suspeita de laringite de refluxo, o paciente deve ser encaminhado pelo otorrino ao gastroenterologista para realização de endoscopia digestiva alta para avaliação do esôfago e de possíveis complicações. Em pacientes abaixo dos 45 anos, com clínica sugestiva, sem sinais de alerta, a terapêutica pode ser iniciada baseada no quadro clínico.
Usamos medicamentos que visam reduzir a secreção ácida do estômago. Outros remédios que visam diminuir o tempo de contato do esôfago com o agente refluído, chamados de procinéticos e medidas não medicamentosas (como reduzir a quantidade de ingestão de alimentos nas refeições, respeitar um intervalo de pelo menos duas horas entre uma alimentação e o horário de deitar e evitar certos alimentos) também são indicadas.
Mesmo com todos esses cuidados, os sintomas podem permanecer e nesse caso, as drogasdevem ser reajustadas ou outras medidas específicas devem ser adotadas. Em alguns casos, está indicado o procedimento cirúrgico. No caso do refluxo gastroesofagofaringolaríngeo, o ideal é uma boa relação entre o otorrino e o gastro de confiança deve ser mantida para o tratamento adequado do paciente.
Fonte: Diário da manhã
http://www.dm.com.br/texto/131967-novo-palavrao-refluxogastroesofagofaringolaringeano